No encadeamento das discussões em sala de aula, caminhamos para a questão da definição dos conteúdos do ensino e arte, e buscamos entendimento no texto de Arthur D. Effland, CULTURA, SOCIEDADE, ARTE E EDUCAÇÃO NUM MUNDO PÓS-MODERNO.
O autor propõe analisar a maneira como a arte-educação internacional foi afetada por três temas problemáticos: a transição do modernismo para o pós-modernismo, o aparecimento de um mercado cultural internacional dirigido preponderantemente por forças econômicas, e a situação de antagonismos étnicos pós guerra fria.
Effland identifica uma situação de distanciamento entre artes e mundo social, como ocasionada pela idéia superioridade da expressão artística em relação à da cultura popular, pela estética modernista, em continuidade ao projeto iluminista iniciado na Revolução Francesa. Afirma que, privilegiando "explicações científicas da natureza como verdades absolutas, ele dá margem à filosofia materialista, que nega qualquer possibilidade de um aspecto espiritual ou imaginativo da natureza humana".
O surgimento de um único mercado cultural internacional é consequência de uma "nova e hegemônica cultura do povo", difundida pelo marketing e estratégias comunicacionais, e leva à perda de aspectos da identidade cultural tradicional.
Paralelamente essa "tendência à homogeneidade tecnológica, cultural e corporativa", no pós guerra fria, o mundo se fragmenta em antagonismos étnicos, numa"retribalização de grande parte da humanidade que opões cultura contra cultura".
Essas três situações propiciam o surgimento de uma pedagogia de questionamento das suposições e premissas do modernismo, tomando argumentos do feminismo, teoria crítica marxista, hermenêutica e multiculturalismo. Defendendo uma reestruturação radical das práticas educacionais, afirma que a educação vigente mantêm o status quo, privilegiando alguns e oprimindo outros.
Os desafios de uma arte-educação pós-moderna estariam, assim, colocados na percepção dos contrastes e contradições desse novo mundo: desaparecimento da fronteira entre formas de arte erudita e não-erudita, consciência da ideologia e manipulação que envolvem as imagens que circulam nos meios de comunicação e entretenimento, a percepção da conexão íntima entre a arte e a vida.
A proposta de arte-educação pós-modernista de Effland se fundamenta na ordem social tripla de Rudolph Steiner (1966/1972), onde algumas instituições sustentam a organização econômica, outras, a organização cívica e outras, a organização espiritual-cultural, exigindo um sistema educacional que contemple tais ordens, isto é, um currículo trliplo. "Em cada uma das esferas a atividade voltar-se-ia para as capacidades humanas cognitivas no que tange ao pensamento, ao sentimento e à vontade".
quarta-feira, 17 de março de 2010
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