quarta-feira, 21 de abril de 2010

Ensino Intuitivo - Educação pelo Olhar

O Desenho

No tocante ao desenho, o ensino intuitivo tinha o objetivo de educar a percepção, com vistas ao cientificismo, isto é, nos parâmetros da exatidão e do rigor, passando ao largo da subjetividade, através da ênfase da cópia. Considerava deformado o desenho que considerasse a subjetividade.
A partir do desenvolvimento industrial, proliferavam as feiras de produtos, onde a valorização maior se apresentava, em muitas das vezes, em função de um design diferenciado. Em sua relação com a indústria, o desenho era entendido como ofício. Nessa fronteira se chocavam a perspectiva que via a manufatura, o produto manual, como atividade grosseira e inferior, própria de escravos, e a necessidade de construir e difundir um olhar preciso e rigoroso (cientificismo) em uma coletividade que deveria constituir a mão de obra da indústria que se desenvolvia. O ensino do desenho sob essa perspectiva era entendido como instrumento de transformação. De uma pedagogia retórica e verbal, orienta para o desenvolvimento intelectual no uso do olhar para a transcrição rigorosa e objetiva das coisas. Na escola pública, o ensino de arte passa a ter utilidade, passa a ser, mesmo, um elemento essencial para implantar essa ideologia. Participa das demais disciplinas, esquematizando e registrando, na confirmação desse universo positivista.
Como resultado da condição em que se fundou a implantação do ensino de arte na escola pública, e a própria escola pública, encontraremos, de maneira geral, na atualidade, uma reação de apatia ou de indisciplina. E a dificuldade, por parte dos professores, em sua grande maioria, formados nessa mesma condição, de instilar o elemento modificador dessa química, o envolvimento.

Os Trabalhos Manuais

Os exercícios manuais envolviam a dobradura em papel, modelagem em argila, crochê e trabalhos de agulha (para as alunas), carpintaria (para os alunos), etc.
Deveriam apresentar o mesmo rigor e exatidão exigidos no registro através do desenho, mas não se incentivava a autonomia: não poderiam ser realizados em suas casa, pois era necessário um ambiente adequado, para tanto.
Os exercícios iniciavam a partir de materiais baratos e, depois, aplicados nos objetos usuais, pois essa era a segunda premissa, sua utilidade.

O Cinema Educativo

Em decorrência da crise desencadeada pela quebra da bolsa, em 1929, os salários dos professores sofreram um achatamento que culminou na substituição dos profissionais qualificados por outros nem tanto. A crise, a partir de uma política de redução salarial, afastou para longe o ideal democrático de uma escola pública de qualidade, formando cidadãos de autonomia representativa.O resultado foi um alto índice de evasão e reprovação, que deslocou o objetivo escolar de uma idéia de educação para cidadania para mera alfabetização, perdendo sua força política.
Os interesses individuais de uma minoria se sobrepondo aos interesses gerais de uma população constituíram uma política educacional marcada por investimentos insuficientes para dar continuidade ao que já havia sido construído. As escolas-modelo e seus aparatos se tornaram mero elemento histórico.
Houve, a partir da década de 1920, ênfase numa abordagem de conteúdos diversos através do cinema educativo, defendido por Cecília Meireles, então subdiretora técnica de Instrução Pública, como um caminho que concorreria com o processo de ensino aprendizagem a partir de valores culturais. Nesse período, havia uma desconfiança da influência maléfica do cinema comercial na formação dos jovens, e a perspectiva de fazer um "cinema do bem", se constituiu numa estratégia defendida por diversos intelectuais e pedagogos, como Fernando de Azevedo, Edgar Roquete Pinto, Jonathas Serrano e Manuel Bergstrom Lourenço.
Para combater o "mal", o cinema do bem, isto é, o cinema educativo, deveria "produzir, propagar, amparar por todas as formas o filme capaz de distrair sem causar danos morais, o filme de emoção sadia, não piegas, sem ridiculez, mas humano, patriótico, superiormente social" (Serrano e Venâncio Filho APUD Morettin).
O cinema educativo era pensado sob a necessidade de propor uma relação racional e fria, distanciada das emoções que os dramas do cinema comercial levavam ao público, e principalmente, dos descontroles observados em sessões infantis: gritaria e exaltação.
Os ideais que movimentaram a produção desses elementos pedagógicos parece, aparentemente superada pelas novas gerações de entendimento globalizado, mas, nas diversas escolhas que acompanham o professor no planejamento de suas aulas, pode ressurgir, veladamente, na necessidade que temos de definir soluções para as diversas questões que percebemos no cotidiano dos nossos alunos. Na percepção dos assuntos que perpassam o ambiente escolar, buscamos as questões que serão de interesse e significação para suas vidas, mas, muitas vezes, ao invés de procurarmos oferecer recursos para que cada um faça suas escolhas, positivas ou negativas, pensamos, desde o início, um único resultado fechado a ser devolvido no processo avaliativo final. De certa forma, nesse tipo de finalização, repetimos a polarização BEM X MAL, pensada pelos defensores do cinema educativo sem considerar a relatividade presente no contexto contemporâneo.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Ensino intuitivo - O império e a República

Até o período do Império, a sociedade brasileira rejeitava as atividades manuais, por considerá-las inferiores, próprias de escravos, e por isso as escolas de homens livres não contavam com o ensino de desenho, pintura ou escultura em sua grade curricular.
Na República, a filosofia positivista, na voz de Benjamin Constant, defende o caráter cientificista como base para o ensino público, buscando o objetivo da reconstrução do saber humano.
Nessa época, o parâmetro de validade da obra de arte estava condicionada à semelhança com a realidade, se concretizando a partir da cópia.

Com fim no desenvolvimento do país, esse foi o modelo de escola instituído, constituindo o ideal, ainda presente no imaginário da sociedade, de uma educação para reconstrução social.
A instalação desse sistema se inicia a partir do ensino primário e, para a formação dos professores, é criada a escola normal, como a Escola Normal Caetano de Campos, em São Paulo, com seus anexos. A escola é dividida simetricamente em uma parte masculina e outra feminina, e é projetada cuidadosamente no sentido de atender os parâmetros do cientificismo, conforme o decreto nº 91, de 13/10/1890.

Todos os cuidados no projeto da escola se fundamentam no que, na época, era chamado Ensino Intuitivo. Através de um aprendizado enciclopédico, inúmeros aparatos tecnológicos são dispostas e era exigida uma observação exata e rigorosa das coisas.
Os livros passam a ter um papel secundário e a experimentação empírica toma uma orientação técnica. Essa priorização prática, mesmo nos livros traz um esvaziamento de reflexões, do sentido de motivo, assumindo caráter tecnicista.
A biblioteca e o museu são entendidos como complementares.

No ensino de artes, a referência americana de Walter Smith é colocada por Rui Barbosa, numa valorização do desenho a partir de exposições internacionais e presença nas mostras industriais, com projeto. Essa ligação com a indústria define uma aplicação profissional, não mais meramente recreativa, ao desenho, e estrutura seu espaço dentro do currículo escolar.
Assim, o desenho passa a ser entendido como linguagem, base sólida para a educação popular e requisito para o ensino efetivo. E visto, então, como instrumento e como possibilidade de educação da visão.

domingo, 4 de abril de 2010

Arte e Tecnologia — Ensino de Arte

Dentro do Seminário Permanente de Arte e Tecnologia, tivemos a oportunidade de ouvir a Professora Dra. Diana Domingues, professora titular do Departamento de Artes da Universidade de Caxias do Sul e diretora do grupo de pesquisa Novas Tecnologias nas Artes Visuais, que desenvolve a pesquisa Arte, Tecnologia e Comunicação: Poéticas, Nós e Interações, uma ação que integra as áreas de artes, informática e automação industrial.
O início da carreira artística de Diana Domingues foi na gravura, mas, a partir do uso das tecnologias eletrônicas, seu trabalho se orientou para experiência com as mutações que as imagens sofrem ao migrarem através de suportes diferenciados como a fotografia, o vídeo, a imagem digital e em percursos inversos. Utilizando dispositivos de visualização do interior do corpo, a partir da proximidade com o meio médico, seu trabalho caminhou para a obra My Body, My Blood, de 1997, sintetizando a interação entre os campos artístico e biológico.
Seu percurso tem sempre se desenvolvido no intercambio entre áreas diferenciadas da ciência e a arte, envolvendo meios tecnológicos para experimentar percepções estéticas.
Em sua fala no Seminário Permanente de Arte e Tecnologia, Diana Domingues discorreu sobre sua experiência de trabalho e pesquisa na fronteira entre a ciência e a arte, a partir de uma proposta de busca de áreas de ignorância, onde cada estudante contaminaria o outro com seu conhecimento, dentro de ambientes de interação.
Domingues comenta sobre seu atual projeto junto à Universidade de Brasília, a partir de sua experiência de trabalho em projetos que envolvem artistas e cientistas, procurando estruturar uma proposta de pós-graduação que envolva as diversas áreas existentes na universidade. Para tanto, fundamentou-se em Benjamin e sua idéia de autor como produtor. O artista pensaria o aparato tecnológico não só como produção de conteúdos, mas como questionamento do mundo, em semelhança ao artista renascentista Leonardo.
A pesquisadora apresentou a arte e a tecnociência como possibilidade de ação de uma engenharia da natureza, onde o design de interfaces poderia propor novas relações entre o ser e seu ambiente. As atuais pesquisas estariam assim, orientadas para uma humanização das tecnologias.

Dentro da sala de aula de artes visuais, as mídias contemporâneas poderiam participar dessa orientação para a humanização a partir de sua possibilidade de trasformar o usuário passivo da cultura cibernética em produtores de imagens, estruturas e idéias. A compreensão dos mecanismos de padronização difundidos pela globalização poderia dar poder ao consumidor, de apropiar-se de seus elementos e, num processo intencional de hibridização, contaminá-lo com seus elementos culturais específicos.

O que é um plano de aula?

Se um planejamento, seja em que área for, consiste na tomada de decisões, com o fim de obter um bom funcionamento, ele envolve reflexões entre objetivos e recursos, entre os meios e os fins. Para tanto, materializa-se inicialmente, em um plano de ações, no caso do ensino, num plano de aula.

Partindo de uma problematização, considerando um contexto, procurando prever as possibilidades futuras, o plano de aula consiste um projeto de caminho que começa e termina em uma avaliação.

Um plano de aula, deve revelar a visão que o professor tem de seu dia letivo, o que espera fazer: seus objetivos, os meios com que conta, suas estratégias. A partir dos desafios de cada etapa, representa a estruturação proposta pelo professor para superação das dificuldades previstas por ele, através de intervenções sistematizadas, mas que conservem flexibilidade para lidar com o não previsto, sempre presente na realidade complexa em que se vive.

Pelos diferentes contextos, um plano de aula não pode ser estruturado de maneira rígida, mas deve adaptar-se ao grupo ao qual é proposto, ao espaço, ao momento e à característica do indivíduo que fará a mediação.

Mas alguns elementos podem ser considerados basilares na construção de um plano de aula claro e objetivo:
Identificação do plano:
· Nome da instituição de ensino
· Nome do curso;
· Nome do professor;
· Período e carga horária;
· Tema da aula ou assunto.

Conteúdo (programático):
· Estabelecer tópicos na seqüência em que vão ser apresentados no decorrer da aula (considerando que toda aula tem introdução, desenvolvimento e finalização, ou fechamento).

Objetivos: (capacitar, instrumentalizar, etc. vide a taxonomia de Bloom)

Estratégias (de aprendizagem e metodologia): (são os procedimentos adotados para facilitar o processo de aprendizagem).
· Aulas expositivas;
· Dinâmicas;
· Exercícios;
· Debates;
· Seminários;
· Situações-problemas;
· Entre outros.

Recursos didáticos: (acaba por definir a dinâmica da aula).
· Retroprojetor;
· Datashow;
· Rádio;
· Quadro de giz;
· Cartazes;
· Vídeo;
· Dvd;
· Entre outros.

Avaliação: (define a maneira como o professor avaliará os alunos na aula).
· Atividades práticas;
· Situações-problemas;
· Participação;
· Análise de caso;
· Apresentação de trabalhos;
· Entre outros.

Referências: (é importante registrar corretamente, dentro da normatização, a fonte de embasamento de tudo que foi abordado e utilizado na aula)

(Como seria um bom plano de aula? Vamos analisar o Plano de Aula 2)