quarta-feira, 14 de abril de 2010

Ensino intuitivo - O império e a República

Até o período do Império, a sociedade brasileira rejeitava as atividades manuais, por considerá-las inferiores, próprias de escravos, e por isso as escolas de homens livres não contavam com o ensino de desenho, pintura ou escultura em sua grade curricular.
Na República, a filosofia positivista, na voz de Benjamin Constant, defende o caráter cientificista como base para o ensino público, buscando o objetivo da reconstrução do saber humano.
Nessa época, o parâmetro de validade da obra de arte estava condicionada à semelhança com a realidade, se concretizando a partir da cópia.

Com fim no desenvolvimento do país, esse foi o modelo de escola instituído, constituindo o ideal, ainda presente no imaginário da sociedade, de uma educação para reconstrução social.
A instalação desse sistema se inicia a partir do ensino primário e, para a formação dos professores, é criada a escola normal, como a Escola Normal Caetano de Campos, em São Paulo, com seus anexos. A escola é dividida simetricamente em uma parte masculina e outra feminina, e é projetada cuidadosamente no sentido de atender os parâmetros do cientificismo, conforme o decreto nº 91, de 13/10/1890.

Todos os cuidados no projeto da escola se fundamentam no que, na época, era chamado Ensino Intuitivo. Através de um aprendizado enciclopédico, inúmeros aparatos tecnológicos são dispostas e era exigida uma observação exata e rigorosa das coisas.
Os livros passam a ter um papel secundário e a experimentação empírica toma uma orientação técnica. Essa priorização prática, mesmo nos livros traz um esvaziamento de reflexões, do sentido de motivo, assumindo caráter tecnicista.
A biblioteca e o museu são entendidos como complementares.

No ensino de artes, a referência americana de Walter Smith é colocada por Rui Barbosa, numa valorização do desenho a partir de exposições internacionais e presença nas mostras industriais, com projeto. Essa ligação com a indústria define uma aplicação profissional, não mais meramente recreativa, ao desenho, e estrutura seu espaço dentro do currículo escolar.
Assim, o desenho passa a ser entendido como linguagem, base sólida para a educação popular e requisito para o ensino efetivo. E visto, então, como instrumento e como possibilidade de educação da visão.

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